Em 17/04, Rafael Franzini e Amerigo
Incalcaterra publicaram o artigo “Por que a exceção não deve ser a regra” na
Folha de S. Paulo. O texto argumenta que a internação à força de dependentes de
drogas só se justificaria em casos muito pontuais. Mas, no caso dos usuários de
crack, tornou-se regra.
Isso não nos deveria espantar. Na atual sociedade adotamos as exceções como objetivo maior. Por exemplo, a beleza segundo padrões
impostos pela grande mídia é muito rara. No entanto, é esse modelo que a grande
maioria procura imitar sem sucesso. O automóvel mais luxuoso e potente é também
o mais caro. Apesar disso, quase todo mundo sonha possuir um. Ser vitorioso é o
sonho de quase todos, mesmo que para cada vencedor sejam necessários milhões de
perdedores.
Esta é um das lógicas mais poderosas da
sociedade capitalista. Em busca de um triunfo quase impossível, somos mantidos
em constante competição. Derrotamos a nós mesmos ao abandonar as possibilidades
de união para lutar contra uma ordem injusta para a maior parte da sociedade.
Essa lógica tem implicações autoritárias,
também. Por exemplo, o que está por trás da popular frase “Por causa de alguns,
todos pagam”? É a justificativa de uma ordem que trata a maioria como culpada
em potencial. E é isto que ajuda a explicar a aceitação popular de propostas
como a redução da maioridade penal.
Mas essa unanimidade burra foi radicalmente
desmentida muitas vezes. Foram momentos em que os explorados e oprimidos se
levantaram. Trataram a submissão como exceção e quebraram as regras com suas revoluções.
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