Nos anos 70, fez sucesso um romance chamado
“Os sete minutos”, de Irving Wallace. Basicamente, o livro era sobre outro
livro, em que uma mulher descrevia suas experiências sexuais. Os minutos em
questão seriam o tempo médio para se alcançar o orgasmo feminino.
Mas este intervalo de tempo também é
considerado o período aproximado em que a média das pessoas consegue manter-se
concentrada em algum assunto. Segundo o livro “Convite à Filosofia”, de Marilena
Chauí :
Para atender aos interesses econômicos dos
patrocinadores, a mídia divide a programação em blocos que duram de sete a dez
minutos, cada bloco sendo interrompido pelos comerciais.
Pouco a pouco, isso se tornou um padrão
para nossa atenção. Professores notavam que seus alunos não conseguiam se
concentrar na aula por tempo superior a dez minutos. Artistas de teatro teriam notado
o mesmo em relação a seu público durante cenas longas.
Mas a popularização da internete parece ter
encurtado ainda mais esses intervalos. Principalmente, com o crescente uso de
imagens e sons no lugar de textos. Agora, chegou o Vine, lançado em janeiro passado
pelo Twitter. A nova ferramenta só permite criar vídeos com até seis segundos
de duração.
O aplicativo é mais um elemento a reforçar o
império da comunicação instantânea e volátil. A grande maioria fica com conteúdo
raso que leva a reações virtuais com poucos resultados concretos. Já a elaboração
cuidadosa e profunda, vai tornando-se monopólio de quem tem dinheiro, poder e
tempo.
Nesse ritmo, sete minutos para alcançar um
orgasmo serão um luxo de que só os mais velhos lembrarão.
Leia também: Na
internete, somos nossos próprios “arapongas”
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