Mas em recente artigo,
ele apresenta dados interessantes sobre o racismo brasileiro. Em “A decisão do
STF e a realidade brasileira”, publicado no Valor em 04/05, Almeida defende a
adoção das cotas raciais em universidades. Citando pesquisa que faz parte de
seu livro, ele afirma:
O preconceito de cor no Brasil é
forte e bem arraigado. Além disso, é variado, atingindo de maneira diferente
pardos, pretos e brancos. Avaliamos também, por meio de um experimento em que a
cor não variava, mas variava a classe social, se o preconceito é de cor ou de
classe. Isolados os efeitos estatísticos da cor e da classe social, provamos,
como sempre, o óbvio: o preconceito é de cor, não é de classe.
O experimento a que ele
se refere envolveu oito fotos. Eram retratos de homens com tons de pele
variando do mais claro ao mais escuro. A escolha desse método deve-se ao fato
de que o “brasileiro não diferencia as pessoas pela raça, mas pela cor”. Segundo
o sociólogo, diferente do que acontece nos Estados Unidos, “os brasileiros não
consideram importante a descendência, mas a cor da pele”.
O estudo traz
resultados óbvios: “quando se analisa a cor das pessoas, nada é melhor no
Brasil do que ser branco”, diz Almeida. E nem tão óbvios:
Em primeiro lugar, o preconceito é
maior contra os pardos do que contra os pretos. Uma política de cotas que venha
a favorecer mais as pessoas mais pretas, e um pouco menos as pessoas mais pardas,
estará favorecendo aqueles que são menos prejudicados pelo preconceito. Em
segundo lugar, apesar de o preconceito ser maior contra os pardos, a população
afirma que os mais pobres e os que têm menos chances e oportunidades na vida
são os pretos.
Outro dado importante é
o preconceito contra nordestinos. Segundo Almeida:
... detectamos que ser nordestino
(ainda que branco) pode ser uma barreira importante para a melhoria de vida. Se
compararmos a avaliação que a população faz dos brancos não nordestinos (...)
com o branco nordestino (...), será notado que o branco nordestino é vítima de
preconceito.
Resumindo, o artigo
defende que “políticas de cotas funcionariam melhor com adaptações para as
condições brasileiras, e não simplesmente copiando-se a divisão americana entre
somente duas cores”. Faz sentido.
Faz ainda mais sentido
entender que as cotas são muito importantes, mas muito limitadas para dar conta
do racismo colorido que atormenta a sociedade brasileira.
Leia a íntegra do
artigo, clicando aqui
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