Doses maiores

29 de maio de 2012

Revolução egípcia: voto unitário contra Shafiq

Em 23 e 24 de maio, os egípcios foram às urnas para eleger um novo presidente. Nenhum candidato conseguiu mais da metade dos votos. Haverá segundo turno em 16 e 17 de junho.

Agora, a disputa é entre Ahmad Shafiq, ligado a Mubarak e o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohammed Morsi. Este último não era a melhor opção. O candidato da esquerda revolucionária era Hamdeen Sabbahi, que conseguiu mais de 21% dos votos. Votação expressiva, mas insuficiente.

A Irmandade Muçulmana tem posições bastante ruins, é verdade. Mas é um movimento muito contraditório. Muitos de seus seguidores estiveram nas batalhas que derrubaram Mubarak. Lutaram lado a lado com os revolucionários. E o fato é que Shafiq representa a continuidade do odioso regime dos militares que governou o país por 40 anos.

Diante disso, a organização egípcia Movimento dos Socialistas Revolucionários, ligada à tendência Socialismo Internacional, declarou seu apoio ao candidato muçulmano. Mas apresentou as seguintes condições:

1. Formação de uma coalizão presidencial que inclua como vice-presidentes Hamdeen Sabbahi e Abd-al-Moneim Abu-al-Fotouh (candidato islâmico moderado).

2. A nomeação de um primeiro-ministro de fora das fileiras da Irmandade e a formação de um governo que inclua todo o espectro político, incluindo os coptas (cristãos egípcios).

3. Aprovação de uma lei sobre as liberdades sindicais que apoie claramente o pluralismo e a independência do movimento dos trabalhadores, ao contrário do que pretende projeto de lei proposto pela Irmandade.

4. Que a Irmandade e outras forças políticas lutem por uma Constituição que garanta justiça social, direito à saúde e educação gratuitas e de qualidade, direito à greve, manifestações e ocupações pacíficas, direitos públicos e individuais para todos os cidadãos, e a legítima representação de mulheres, coptas, trabalhadores e juventude na Assembleia Constituinte. Voltamos a apelar para que a Irmandade Muçulmana e todas as forças políticas coloquem a revolução acima de interesses partidários e se unam contra Shafiq, sob risco de torná-la presa fácil de seus inimigos.

A íntegra da declaração pode ser lida aqui, em inglês.


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