Em entrevista publicada
pela CartaCapital em 16/05, Pochmann apresenta vários argumentos em favor de
sua tese. Dentre eles, destaca-se:
A classe média tem ativos e
patrimônio. São várias características que infelizmente nós não conseguimos
observar nesses segmentos que estão ascendendo. E são segmentos que, ao nosso
modo de ver, dizem respeito à classe trabalhadora, tal como foi o padrão de
expansão do Brasil nesses últimos dez anos.
O conceito de classe média
sempre foi muito difícil de definir. Na produção teórica de Marx, ela costuma
ser apontada como sinônimo de “pequena burguesia”. Seriam aqueles setores que não
precisam vender sua força de trabalho. Teriam sua própria fonte de sustento: pequenas
propriedades rurais, pequenas empresas e comércios etc.
Tais empreendimentos
seriam os “ativos” e “patrimônio” de que fala Pochmann. Se for assim, a “classe
C” não pertence à “classe média”. Mas, talvez, compartilhe o horizonte
ideológico dela. É o que se pode deduzir de palavras do próprio petista sobre seus
integrantes:
...na questão dos valores mais
amplos da política, como pena de morte, eles majoritariamente estão atrelados a
visões muito ultrapassadas.
Para Pochmann, se esse
tipo de ascensão social não “vem acompanhada de um processo de conscientização”,
pode “ser encaminhada para uma visão de sociedade muito diferente da que levou
a uma ascensão social recente”.
Ou seja, parece que o petista
teme a transformação desses setores em massa de manobra da direita
conservadora. Um risco que só vem aumentando com o comportamento do partido de que
Pochmann é membro. Triste exemplo é a recusa da maioria dos dirigentes do PT em apoiar lutas como o direito ao aborto e o combate à homofobia.
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