Hoje em dia, se você vir um célebre
professor de economia depondo no Congresso ou escrevendo um artigo, são boas as
chances de ele ou ela ter sido pago por alguém com grande interesse no que está
em debate.
Poderíamos adaptar essa
advertência para o Brasil, suas universidades e a mídia empresarial. É que de
alguns anos para cá, a grande imprensa vem convidando professores
universitários para debater questões polêmicas.
Antes, os convidados
costumavam ser sindicalistas e lideranças populares. Não tinham muito tempo
para debater e nem todos tinham posições combativas. Ainda assim, podiam causar
algum desconforto para o pensamento único neoliberal.
Agora, esses dirigentes
e lideranças costumam ser chamados apenas quando estoura uma greve ou um
conflito mais grave. Na verdade, são muito mais convocados para dar explicações
do que para defender o ponto de vista de seus representados.
Debates profundos, só
com os doutores da academia. E esta, ao contrário do que parece, não forma rebeldes.
A grande maioria dos diplomados é de um conservadorismo cheio de verniz.
De vez em quando, até
convidam alguns acadêmicos de esquerda. Mas prevalece um ambiente cheio de pretensões
neutras e científicas. É a valorização do que é dito na tranquilidade do ar
condicionado. É a desqualificação dos argumentos que surgem do calor da luta.
Enfim, é um jogo sujo
que, muitas vezes, é aceito com entusiasmo pela academia.
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