Doses maiores

22 de maio de 2012

De olho nos ovos dourados da galinha grega

Há algumas semanas, a economia grega era o patinho feio da Zona do Euro. Recusava-se a adotar as medidas neoliberais. Pior, seu povo não saía das ruas e praças, exigindo respeito a seus direitos. Agora, a coisa mudou. É o que vem dizendo a grande imprensa:

O Estado ouviu analistas, representantes de governos, bancos e acadêmicos. Todos, de forma unânime, têm a mesma opinião: uma saída da Grécia terá um impacto global pelo menos equivalente à quebra do banco americano Lehman Brothers, em 2008, e o euro, ainda que sobreviva, não será o mesmo (O Estado de S. Paulo, 20/05).

Reportagem de Assis Moreira para o Valor, publicada em 21/05, traz aviso semelhante. Compara a saída grega do Euro às crises russa, de 98, e argentina, de 2002. É por isso que a recente reunião da cúpula do G-8 decidiu fazer tudo para impedir que isso aconteça.

Mas não se trata apenas de contágio. Artigo de Luiz Carlos Mendonça de Barros, publicado no Valor de 21/02, ajuda a entender. Segundo ele, quando o euro foi criado, seu valor representava 1,96 marcos alemães. No caso da Grécia, cada euro valia 340 dracmas.

Trocando em miúdos, a economia alemã era muito mais graúda que maior parte das economias do continente. A adoção do euro significou a transformação delas em mercados cativos do capitalismo germânico.

Por outro lado, se a melhor decisão é sair do Euro, o preço a ser pago será alto. A catástrofe econômica para os gregos é quase certa. E já sabemos quem sofreria mais.

É por isso que há setores do empresariado grego que já admitem abandonar a união monetária. Eles sabem que podem transferir a conta dos prejuízos para a classe trabalhadora.

Se for necessário matar a galinha para chegar a seus ovos de ouro, não hesitarão. Por isso, o desfecho dessa situação não se dará no campo econômico. Será decidido pela luta de classes.
 

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