O Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos acaba de lançar “A
situação do trabalho no Brasil na primeira década dos anos 2000”. O capítulo 17
focaliza a distribuição da renda no País na primeira década do século 21. Em caráter
provisório, o estudo conclui que:
Existe hoje um relativo consenso
entre os analistas de que a desigualdade no Brasil no período recente tem, de
fato, se reduzido e de forma razoavelmente rápida. Também há concordância sobre
a necessidade de se garantir a continuidade dessa trajetória.
Mas ainda haveria “um
acirrado debate” sobre os fatores que motivaram tal redução. Talvez, as razões
para essa polêmica devam-se às diferentes maneiras de encarar o problema.
Segundo o texto:
A desigualdade de renda pode ser
analisada sob duas perspectivas distintas, a da distribuição funcional da renda
e a da distribuição pessoal ou familiar (ou domiciliar) da renda. A perspectiva
da distribuição funcional examina a apropriação da renda gerada numa sociedade
pelos proprietários do capital e pelos possuidores da força de trabalho. No
caso da distribuição pessoal ou familiar (ou domiciliar) da renda, trata-se de
analisar como a renda se distribui entre os indivíduos ou entre as famílias (ou
domicílios).
Ou seja, este último
critério deixaria escapar os ganhos dos donos ou controladores dos meios de
produção. Para obter estas informações a publicação propõe:
... a publicização dos dados da
Receita Federal, sob condição de garantia do sigilo, para disponibilizar
informações mais precisas sobre as rendas do capital e sobre a distribuição da
riqueza.
O problema é que isso
equivaleria a abrir uma caixa-preta que esconde interesses tão grandes quanto
são os lucros do capitalismo local.
A manutenção do sigilo sobre
tais dados reforça uma hipótese bastante provável. A de que a melhor distribuição
de renda no País deve-se a uma divisão do bolo entre os próprios trabalhadores.
O grande capital permaneceria de fora desse empenho em direção à justiça
social. Enquanto isso acontecer, todo esforço será vão.
Leia também Igrejas e empresários: diabólica aliança
Nenhum comentário:
Postar um comentário