Doses maiores

23 de maio de 2012

Rio+20: fiasco ou sucesso? Depende

Faltam menos de 30 dias para a cúpula no Rio de Janeiro. Trata-se da "maior conferência ambiental da história", diz o governo brasileiro. O problema é que o encontro das Nações Unidas que pretende discutir desenvolvimento sustentável parece destinado ao fracasso.

Cerca de 50 mil pessoas devem comparecer. Entre elas, 135 chefes de Estado. Vladimir Putin, presidente da Rússia, o premiê chinês, Wen Jiabao, e o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh confirmaram presença. O recém eleito presidente da França, também.


Mas Obama ainda não deu nenhum sinal de que pode vir. Ao contrário da chanceler alemã, Angela Merkel, e do primeiro ministro David Cameron, da Inglaterra. Estes deixaram claro: não virão.

Nada disso quer dizer que a Rio+20 será necessariamente um fracasso. Principalmente se a pauta de debates continuar a se direcionar para a chamada “economia verde”.

É como disse Pat Mooney, diretor da ONG canadense ETC Group. Suas declarações estão em reportagem de Raquel Júnia para o site da Fiocruz, publicada em março passado. Depois de afirmar que o mercado já controla 23,8% das espécies biológicas existentes, Mooney afirma:

O que o capitalismo vem buscar aqui são os 76,2% que restam. Essa é a batalha do Rio. Com a crise das hipotecas em 2007, nós já demos aos banqueiros 14 trilhões de dólares. Agora, se aceitarmos essa nova proposta de financeirização da natureza, o que estamos dizendo para aqueles mesmos bancos é que eles podem vir e brincar em nosso jardim.

O capital não precisa mandar seu time titular para ganhar esse jogo. E nem precisam ser representantes apenas dos bancos. O governo brasileiro, por exemplo, prefere entregar a natureza à ação destruidora das empreiteiras.

Tudo indica que do ponto de vista ambiental, o fiasco é certo. Já quanto aos interesses do capital, o sucesso é muito provável.

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