Doses maiores

23 de março de 2021

Guerra híbrida e o padrão Rambo

“A guerra híbrida justamente consiste na obliteração dos reais agentes que a acionam”, diz Piero Leirner em seu livro “O Brasil no espectro de uma guerra híbrida”.

O autor cita o artigo “Neocortical Warfare”, publicado em 1994 pelo coronel dos Fuzileiros Navais Richard Szafranski. Segundo o militar estadunidense, a chave mais importante para vencer as guerras dos dias de hoje seriam ataques que procuram embaralhar o processo de cognição da população.

Pouco depois, as redes virtuais viriam a permitir ampla disseminação dessas “bombas cognitivas” “através de um padrão de enxame ou manada”, diz Leirner.

Mais importante, elas facilitam operações “padrão Rambo”, do tipo “solta os caras na missão e, junto com o objetivo, vem a instrução: você jamais recebeu esta ordem, nunca nos vimos antes”.

Quando “os membros não têm que recorrer a uma hierarquia porque ‘eles sabem o que têm que fazer’”. Isso faz das unidades individuais “uma só mente” e “impõe um desafio extremamente difícil de contrapor por causa de todo o ‘turvamento’ entre ações ofensivas e defensivas”.

Para o autor, seria um novo tipo de conflito social:

...onde redes ‘sem líderes’ compostas principalmente por atores desvinculados do Estado aproveitar-se-iam da revolução da informação (...) para travar uma luta amorfa de baixa intensidade contra o Establishment.

Porém, dizer que as redes virtuais tornaram bem mais difícil rastrear a linha de comando por trás dos ataques, não significa que seja impossível identificar neles as digitais de seus mandantes.

No caso dos recentes e decisivos acontecimentos políticos nacionais, vários indícios apontam para uma operação articulada pelas cúpulas militares. Mesmo Rambo não passa de um soldado.

Leia também: Guerra híbrida e a grande inversão subversiva

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