Em 1969, surgiu o grupo “Centelha Nativista” no meio dos paraquedistas do Exército. Sua proposta era radicalizar a repressão contra a esquerda com ações armadas independentes. Sua palavra-de-ordem, “Brasil, acima de tudo!”.
Como se organizou sem autorização superior, o coletivo foi dissolvido pela cúpula militar da época. Seus componentes foram transferidos para várias unidades no país. Isso acabou criando outro problema: diversas bases militares passaram a abrigar células do Centelha.
Nas décadas seguintes, vários de seus membros começaram participar intensamente de atividades promovidas pelas inúmeras sedes do Clube Militar espalhadas pelo Brasil.
Bem mais recente é o grupo Terrorismo Nunca Mais (Ternuma). Criado em 1998, seu nome procura justificar os crimes denunciados pelo dossiê “Tortura Nunca Mais”. Não à toa, um de seus fundadores foi o Coronel Ustra, responsável por muitas sessões de tortura nos porões da ditadura e ídolo de Bolsonaro.
Com a eleição de Lula, esses grupos ganharam mais adeptos e organicidade. Mas, antes disso, durante o governo FHC, os clubes militares passaram a promover diversos debates e se articular com juristas, empresários e “intelectuais”. Dentre estes, Olavo de Carvalho.
Durante as eleições de 2010, esses coletivos se manifestaram publicamente contra a possibilidade da eleição de uma “guerrilheira comunista” à presidência da República.
As informações acima estão no livro “O Brasil no espectro de uma guerra híbrida”, de Piero Leirner, de 2017. Mas já estavam disponíveis há muito tempo. Inclusive, é obvio, para os vários governos civis.
Ou seja, uma conspiração também pode ser organizada às claras. Basta que seus integrantes contem com a impunidade garantida por uma democracia que respeita torturadores e carrascos.
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Barbaridade, tchê. Quanta conspiração que desconhecemos.
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