Quantas vezes os brasileiros seriam assustados com a ameaça vermelha? Quem poderia imaginar que, já nas lutas em torno da abolição da escravatura, o fantasma comunista fosse agitado, como seria em 1954 e em 1964, para tentar frear o ímpeto dos progressistas ou as aspirações da população? Quem poderia imaginar que até a dom Pedro II um escritor e político famoso como José de Alencar citaria o espectro vermelho?!
O trecho acima é do livro “Raízes do conservadorismo brasileiro: a abolição na imprensa e no imaginário social”, de Juremir Machado da Silva.
Publicada em 2017, a obra apareceu num momento em que poucos esperavam testemunhar a tragédia política e social como a que vivemos hoje.
Mas o autor, certamente, identificou já naqueles dias a necessidade de buscar na persistência da escravidão negra um dos principais elementos para explicar o extremo conservadorismo da estrutura social e política nacional.
Pesquisando os jornais dos período da abolição da escravidão, Silva consegue demonstrar como era terrível a mentalidade escravocrata. E mais que isso, como essa mentalidade persiste 130 anos depois.
Afinal, nas eleições presidenciais de 2018, o candidato que se tornou vitorioso referiu-se a quilombolas como animais reprodutores, cujo peso deveria ser medido em arrobas.
No trecho destacado acima, aparece o nome de um dos mais respeitados escritores brasileiros. Infelizmente, José de Alencar revelou-se um dos mais acirrados defensores da escravidão, colocando toda sua capacidade argumentativa e erudição a favor dessa vergonhosa causa.
Respeitadas as gigantescas diferenças intelectuais entre os dois, Alencar até poderia ser considerado uma espécie de Olavo de Carvalho do período imperial.
Mais nas próximas pílulas.
Leia também: Acorrentados à hipocrisia de nossa época
Nas próximas vai ter spoiler sobre o que falaram D Pedro II e José de Alencar sobre o comunismo? Fiquei curioso.
ResponderExcluirRss... Aguarde! ;)
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