Doses maiores

18 de março de 2021

Militares no poder ou a volta dos que não foram

“A ESG voltou ao poder?” é o título de reportagem de Edelberto Behs, disponível aqui. A sigla refere-se à Escola Superior de Guerra e o texto fala sobre um trecho do livro “Segunda Guerra Mundial: todos erraram, inclusive a FEB”, de Joel Silveira. A obra é sobre a participação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra.

Participante da FEB, o então tenente-coronel Castello Branco teria ouvido pela primeira vez na Itália sobre a “necessidade de reformas de base para o Brasil”. Os princípios dessa reforma se tornariam os mesmos que orientariam a fundação da ESG:

a) as elites civis do Brasil faliram;
b) tem havido um completo descaso pelos problemas fundamentais do país;
c) os quadros dirigentes vêm sendo mal escolhidos e quase sempre se põe à testa de uma tarefa relevante a pessoa menos indicada para isso;
d) tem prevalecido, no trato da coisa pública, o interesse pessoal, sempre colocado acima do interesse nacional;
e) o alastramento da corrupção.

Com base nesses princípios, diz Silveira, a Escola pretendia formar:

...uma elite militar estudiosa, aplicada, em dia com os problemas do país, impaciente por participar não só da solução desses problemas, mas da direção de toda a vida nacional.

Esse projeto só se materializaria com a ditadura empresarial-militar de 1964. Finda esta, porém, ele jamais foi engavetado. Ao contrário, como observa Behs, na segunda década do século 21:

Um capitão foi escolhido pelo voto para a presidência da República e recheou o governo de militares em seis mil postos na estrutura federal.

Mas será que a ESG alguma vez realmente ficou longe do poder?

Leia também: A ditadura militar acabou. O poder militar, não

2 comentários:

  1. Não, as forças militares brasileiras sempre tiveram o estigma de governar o país.

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    1. Sim, e se não estiveram no centro do poder nas últimas décadas, o cercaram incansavelmente até que o cerco se fechou.

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