O livro “O Brasil no espectro de uma guerra híbrida”, do antropólogo Piero Leirner, é produto de mais de 25 anos de pesquisa etnográfica do autor junto aos militares.
Nesse período, Leirner notou a crescente importância do conceito de “guerra híbrida” entre os oficiais. E uma das principais características dela seriam os processos de inversão que promove.
Por exemplo, sempre que falavam sobre guerra híbrida, os oficiais diziam que era o PT que a estava praticando, ao minar as instituições e se apropriar de recursos públicos em conluio com o “comunismo” chinês e russo.
Para responder a esses pretensos ataques, os militares alegavam que também precisavam usar táticas de guerra híbrida.
Claro que por trás disso tudo estava o anticomunismo quase secular das Forças Armadas. Mas, mais recentemente, outros elementos surgiram. Entre eles, as palestras que Olavo de Carvalho vinha fazendo na Escola Superior de Guerra (ESG), desde os anos 1990. Sempre com o mesmo tema: ainda sob a ditadura militar, o comunismo teria tomado o controle de instituições, mídia, entidades, ONGs, universidades...
A ESG, por sua vez, tornou-se um poderoso meio de transmissão dessas ideias, não apenas para dentro das Forças Armadas. Afinal, seus cursos são abertos a civis, contando, inclusive, com painéis permanentes em lugares como a FIESP.
Em 2012, por exemplo, um dos principais cursos da Escola, o Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia, teve entre seus formandos membros do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. O mesmo tribunal que confirmaria a condenação de Lula à prisão, em abril de 2018.
Se havia subversivos nisso tudo, não eram os petistas. Infelizmente...
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