Em 2004, teve início a Missão da ONU no Haiti, chefiada por militares brasileiros. Lula era presidente e por trás de pretensas intenções humanitárias, muitos enxergaram oportunidades de negócios para as chamadas “multinacionais brasileiras”. Em especial, empreiteiras como a Odebrecht.
Mas os oficiais que dela participaram tinham outros objetivos. Em primeiro lugar, um laboratório para aperfeiçoar a repressão a pretos e pobres. Experiência que seria muito bem aproveitada posteriormente nas dezenas de operações denominadas GLOs (Garantia da Lei e da Ordem), em vários estados do Brasil.
Não só isso. Como diz Piero Leirner, no livro “O Brasil no espectro de uma guerra híbrida”, para os comandantes envolvidos:
...a experiência do Haiti, além de bélica, foi de governo. Não se tratava de apenas “pacificar”, mas também de coordenar inúmeras agências, ONGs, setores da administração, relações com as elites locais, com o governo incipiente, elaborar eleições, cuidar de catástrofes naturais, promover alocação de recursos, administrar o “cenário psicossocial”, além, é claro, de comandar uma tropa multinacional. Tudo isso somado foi um verdadeiro laboratório, onde os comandantes experimentaram a expertise de ser o centro do Estado e da “reconstrução haitiana”.
Não à toa, vários membros do governo Bolsonaro passaram pelo Haiti. Entre eles, o general Augusto Heleno, atual titular do Gabinete de Segurança Institucional.
Segundo Leirner, em 2015, Heleno voltou do Haiti “apto a conduzir uma guerra psicológica de espectro total”. Foi nesse momento também que começava a ficar clara sua parceria com o general Villas Boas.
Os dois formaram uma dupla do tipo tira bom/tira ruim a serviço dos golpistas. Mas isso será tema da próxima pílula.
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