Na luta pelo fim do trabalho escravo, as batalhas travadas nos parlamentos foram muito importantes. Mas jamais seriam vitoriosas sem a rebeldia popular nas ruas e locais de trabalho. Abaixo, dois exemplos retirados do livro “Raízes do conservadorismo brasileiro”, de Juremir Machado da Silva.
No Ceará, a jangada era usada no transporte dos escravos do Norte para o Sul. Em 1881, os jangadeiros dirigidos por Francisco José do Nascimento resolveram dificultar o transporte de negros nas suas embarcações. Também ajudavam na fuga de escravos, escondendo-os no meio do seu pessoal.
Nascimento tornou-se o Dragão do Mar, líder da resistência ao tráfico interprovincial. Segundo o autor:
As façanhas do Ceará, onde Nascimento tornara famoso o grito "no porto do Ceará não se embarcam mais escravos", (...) repercutiram por toda parte: de Porto Alegre, Uruguaiana, Viamão, São Borja e Conceição do Arroio, no Rio Grande do Sul, a São Paulo.
Em São Paulo, Antônio Bento, criou na década de 1880, a organização secreta dos Caifazes cujo principal objetivo, afirma Silva, era:
...subtrair escravizados ao poder dos senhores. O cocheiro de praça, o carregador, o caixeiro, o negociante, o operário, o acadêmico, o jornalista, o advogado, o médico, todos, todos, que não tinham escravos, queriam fazer jus ao título de caifazes, subtraindo um escravo ao irmão, ao pai, à sogra, a quem quer que fosse, contanto que o dono perdesse a cabeça a procurá-lo, sem saber como se deu a fuga, e indo queixar-se à polícia para pedir providências.
No Nordeste, no Sudeste, de um lado a outro do País, a resistência a partir de baixo foi fundamental.
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Temos tantas histórias boas para contar.
ResponderExcluirTemos. Precisamos, pelo menos, lembrar de contá-las
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