O Conselheiro Antônio Prado é outro personagem que mereceu destaque em “Raízes do conservadorismo brasileiro”, livro de Juremir Machado da Silva sobre a atuação dos escravocratas no Segundo Império.
Prado votou contra a Lei do Ventre Livre e só abraçou a causa da abolição quando não havia mais volta, diz Silva. Além disso, como adversário do que chamava de "abolicionismo cego e apaixonado", Prado:
...aderiu à abolição na reta final para ajudar seus amigos fazendeiros a tirarem o que ainda fosse possível dos escravos: um período adicional de trabalho de cada negro como indenização aos donos, o que chamou de política razoável, sensata e flexível. Prado é o autor de uma das pérolas contra os escravos fujões. Segundo ele, a miséria e a fome eram os "primeiros castigos de sua negra ingratidão para com seus ex-senhores".
Em 1882, passou a controlar o jornal Correio Paulistano. Silva cita palavras de Lilia Moritz Schwarcz:
O Correio (...) passa de monarquista conservador e escravocrata, até 1887, a abolicionista e republicano em 1889, ganhando louvores e principalmente postos destacados na nova configuração política que se montava.
“De uma costela do Correio Paulistano, explica o autor, surgiria, em 1875, A Província de São Paulo, que se tornaria abolicionista em 1884, mesmo publicando anúncios de venda de escravos, e mais tarde passaria a ser o para sempre conservador O Estado de S. Paulo. Tudo se encadeia”, conclui Silva.
Um dos sentidos do verbo “encadear” é ligar os elos de uma corrente. No caso acima, trata-se de uma ligação entre os de cima que até hoje procuram manter acorrentados muitos dos de baixo.
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