Dentre as províncias mais escravocratas, São Paulo se destacava, junto com Minas, Rio e Espírito Santo.
Mas, calma, nada disso se deve a qualquer simpatia das elites nordestinas pela causa dos escravizados. Em um lado do país como no outro o que importavam eram interesses econômicos muito concretos.
Quem explica é Juremir Machado da Silva em seu livro “Raízes do conservadorismo brasileiro”:
Quanto mais o nordeste vendia escravos para o sudeste, mais ficava livre para ser abolicionista. Quanto mais o sudeste recebia os escravos do norte e do extremo sul, mais se tornava refém de um "produto" em extinção.
O nordeste tornou-se abolicionista quando seus produtos perderam competitividade no mercado internacional. Sobravam escravos. No Sudeste, a lavoura do café precisava adquirir mais deles. Segundo Silva:
As peças compradas eram transportadas a pé pelo sertão nordestino. Era preciso abastecer os mercados das ruas do Ouvidor e Direita no Rio de Janeiro, que dispunham de catálogo com descrições precisas: a rapariga 61, oferecida em uma loja da esquina da rua do Ouvidor com Ourives, na década de 1850, tinha "muito bom leite" e era vendida "com cria".
Claro que houve muitas lutas de corajosa resistência entre as camadas populares das províncias nordestinas. Uma deles foi liderada pelo jangadeiro Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar.
Falaremos dele e de outros heróis abolicionistas nas próximas pílulas.
Leia também: A escravidão e a verdadeira história universal da infâmia
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