Doses maiores

11 de maio de 2021

Elisabeth Demetrioff, guerreira da Comuna

Na última pílula, ficamos sabendo que a Comuna de Paris representou uma ruptura com aspectos conservadores da Revolução Francesa de 1789. Pelo menos, é assim que relata Kristin Ross em seu livro “Luxo Comunal: o imaginário político da Comuna de Paris”. E para ilustrar isso, ela cita três atos importantes:

...a queima da guilhotina na praça Voltaire, em 10 de abril; a destruição, em 16 de maio, da coluna Vendôme, construída para glória das conquistas imperiais napoleônicas; e a criação, em 11 de abril, da Associação das Mulheres.

Quando um grupo formado em sua maioria por mulheres arrastou uma guilhotina para baixo da estátua de Voltaire e a incendiou, foi, muito provavelmente, uma forma de mostrar que não podia haver qualquer identidade entre revolução e cadafalso. A destruição da coluna Vendôme representou (...) um ato de protesto contra as guerras entre os povos e em defesa da fraternidade internacional.

Uma das fundadoras da Associação das Mulheres era Elisabeth Demetrioff, militante russa de 20 anos de idade.

Mas antes de chegar a Paris, Elisabeth esteve em Genebra, onde se encontrou com Marx. Sua missão era tentar criar uma convergência teórica entre as concepções marxistas e a crença de Nikolaï Tchernyshevski no potencial emancipatório da comuna camponesa tradicional.

Foi um romance escrito por Tchernyshevski que despertou Elisabeth, ainda adolescente, para a militância revolucionária. Trata-se de “O que fazer?”, cujo título Lênin pegaria emprestado para batizar seu famoso livro teórico, décadas depois.

Na próxima pílula, mais sobre essa jovem cuja atuação militante equivale a um fio vermelho a ligar os principais acontecimentos e nomes da esquerda revolucionária da época.

Leia também: O internacionalismo revolucionário da Comuna de Paris

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