Nos tornamos peixes vermelhos trancados no
aquário das nossas telas, sujeitos ao cuidado de nossos alertas e de nossas
mensagens instantâneas.
Estas palavras são de Bruno
Patino, autor do livro “A Civilização do Peixe Vermelho”. Ainda sem tradução do
francês, a obra denuncia a ilusão da utopia digital promovida pelos grandes
monopólios das redes virtuais.
À reportagem de Fabienne Schmitt,
publicada por “Les Echos”, em 18/04/2019, Patino cita as palavras de um dos
fundadores da Web, Tim Berners-Lee:
Ninguém roubou nada, mas houve captura e
acumulação. O Facebook, Google, Amazon, com algumas agências, são capazes de
controlar, manipular e espionar como nenhum outro antes.
O autor concorda e acrescenta:
Os novos impérios construíram um modelo de
servidão voluntária, sem ter consciência disso, sem tê-lo previsto, mas com uma
determinação implacável. No coração do reator não há um determinismo
tecnológico, mas um projeto econômico que reflete a mutação de um novo
capitalismo. No coração do reator está a economia da atenção.
Patino até acha possível
encontrar um caminho para sair dessa situação:
Esse caminho possível é a vida em sociedade.
Mas não podemos abandonar a essas plataformas o cuidado de se organizarem
sozinhas, se quisermos que ela não seja povoada de humanos com um olhar
hipnótico que, acorrentados às suas telas, não conseguem mais olhar para cima.
Para encerrar, a reportagem
explica a metáfora utilizada pelo escritor:
De acordo com a Associação Francesa do Peixe
Vermelho, “ele é feito para viver em bando, entre vinte e trinta anos, e pode
chegar a 20 centímetros. O aquário atrofiou a espécie, acelerou a mortalidade e
destruiu a sociabilidade...”
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