Doses maiores

20 de março de 2020

A ordem é sacrificar primeiro idosos e vulneráveis

Michael Roberts é um respeitado economista marxista inglês. Recentemente, publicou um esclarecedor artigo sobre o coronavírus-19 em seu blog. Merece ser lido na íntegra. São informações muito importantes.

E assustadoras.

Em relação aos meios de contenção da doença, por exemplo, ele comenta que “a Itália segue a abordagem chinesa do bloqueio total”, cujo efeito imediato é a paralisação da economia, aumentando a “recessão macroeconômica”.

Mas, no caso britânico, diz ele, a abordagem é diferente e “muito arriscada”. Trata-se:

...de auto isolamento para os vulneráveis​, permitindo que jovens e saudáveis ​​sejam infectados, a fim de criar a chamada imunidade de rebanho e evitar que o sistema de saúde seja sobrecarregado. O que essa abordagem significa é basicamente deixar morrerem os velhos e vulneráveis, porque eles vão morrer de qualquer maneira se infectados e evitar um bloqueio total que danificaria a economia (e os lucros). A abordagem dos EUA é basicamente não fazer nada: nenhum teste em massa, nenhum auto isolamento, nenhum fechamento de eventos públicos; apenas esperar até as pessoas ficarem doentes e depois lidar com os casos mais graves.

Poderíamos chamar essa última abordagem de resposta malthusiana. O mais reacionário dos economistas clássicos no início do século 19 foi o reverendo Thomas Malthus, que argumentou que havia muitas pessoas pobres “improdutivas” no mundo, então pragas e doenças regulares eram necessárias e inevitáveis ​​para tornar as economias mais produtivas.

Não à toa, diz Roberts, Marx chamou a “economia clássica” do século 19 de filosofia da miséria. O problema é que o século 19 ficou para trás, mas não sua filosofia. Muito menos a miséria causada por ela.

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