Doses maiores

14 de junho de 2021

Na terra dos nômades, a Amazon e os “amazumbis”

"Nomadland" recebeu o Oscar de melhor filme, atriz e direção em 2021. O longa foi inspirado no livro homônimo da jornalista Jessica Bruder, publicado em 2017.

Em formato de reportagem, o livro mostra o cotidiano de idosos que se deslocam pelo território estadunidense em furgões e trailers. São os nômades a que se refere o título.

A grande maioria deles não está na estrada a passeio. Moram sobre rodas porque suas casas lhes foram tiradas pelos bancos que as financiaram. É uma das consequências da crise das hipotecas de 2008.

A produção cinematográfica não é um documentário nem pretendia ser uma obra de denúncia. Talvez por isso tenha sacrificado alguns aspectos importantes dos relatos de Jessica. Principalmente, maiores informações sobre o trabalho executado por idosos nos galpões da Amazon.

A empresa começou a criar grandes centros de armazenamento e triagem em território americano, em 2011. Acabou atraindo essas pessoas em constante deslocamento para executar tarefas temporárias nos períodos de alta nas compras. Elas formam comunidades transitórias no entorno dos armazéns da empresa.

Segundo um dos entrevistados pela autora, a Amazon gosta de recrutar idosos porque executariam suas tarefas com maior responsabilidade. “Nós tiramos poucas folgas e não deixamos as coisas inacabadas”, diz ele, aparentemente orgulhoso.

O trabalho não é dos mais pesados, mas exige resistência física. Depois das longas jornadas noite adentro, os trabalhadores voltam para seus veículos extenuados. Transformados em “amazumbis”, costumam brincar, ainda que não pareça nada divertido.

Nas próximas pílulas, mais detalhes do capítulo do livro que descreve essa fábrica de zumbis que já instalou oito de seus depósitos no Brasil.
 
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Um comentário:

  1. Eu acho o capitalismo "fantástico", ele consegue tirar exploração do trabalho onde jamais poderia se imaginar. Bom tema para esse provável início de série de Pílulas. É do meu interesse, do grupo geracional ao qual faço parte. Quanto ao filme... Ah, não gostei muito, demoraria para explicar. Realmente não vi a questão da exploração do trabalho idoso, que me parece ser o tema principal do livro. Pena, mesmo não sendo documentário, ou ficção denuncia, podia aparecer de outra forma.

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