Doses maiores

25 de fevereiro de 2021

O anticomunismo neopentecostal escolhe as coisas loucas

Teologia do Domínio. É assim que João Cezar de Castro Rocha denomina o a versão neopentecostal do anticomunismo paranoico. O mesmo que foi disseminado pelo Orvil, entre os militares, e por Olavo de Carvalho, entre os civis.

Em seu livro “Guerra cultural e retórica do ódio”, Rocha cita como exemplo desse fenômeno “Como vencer suas guerras pela fé”, livro de Edir Macedo lançado em 2010. Na publicação, a “batalha do dia a dia” é com o Diabo. Ou melhor, com a “esquerda tentacular, o ‘perigo vermelho’”.

Contra essa demoníaca ameaça, surge um profeta dos mais fanáticos: Silas Malafaia. Em setembro de 2018, o pastor recebeu Bolsonaro em uma das sedes da Assembleia de Deus Vitória em Cristo. Diante dele, profetizou:

Em I Coríntios, Capítulo 1, a partir do versículo 27: Deus escolheu as coisas loucas para confundir as sábias! Deus escolheu as coisas fracas para confundir as fortes! Agora a coisa vai ser mais profunda: Deus escolheu as coisas vis, de pouco valor, as desprezíveis, que podem ser descartadas! As que não são, que ninguém dá importância, para confundir as que são, para que nenhuma carne se glorie diante Dele! É por isso que Deus te escolheu! Então, estenda a mão sobre ele; quem está pelas redes sociais, meu irmão, faça sua oração.

A cena rendeu dezenas de memes nas redes. “Mas, diz o autor, deixamos escapar justamente o elemento decisivo: nessa ocasião, nesse ritual, o pastor ungiu o presidente – nada menos do que isso”.

Milhões de eleitores levaram a sério aquela cena. O que nos parecia mero delírio estava por se impor como trágica realidade.

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