Doses maiores

22 de fevereiro de 2021

Olavo de Carvalho e a paciência do Jó revolucionário

Na última pílula, falávamos sobre a técnica discursiva de Olavo de Carvalho, segundo a explicação de João Cezar de Castro Rocha, no livro “Guerra cultural e retórica do ódio”.

Por se tratar de uma técnica, afirma o autor, ela pode ser ensinada e transmitida. E é o que vemos acontecer por meio dos milhares de olavistas espalhados pela internete.

Rocha destaca vários procedimentos que caracterizam essa técnica. Um deles é a ”desqualificação nulificadora”, que “autoriza a completa desumanização de todo aquele que não seja espelho” das convicções de quem fala.

Muito típico desse procedimento são alguns títulos de vídeos postados no Youtube: “Fulano destrói argumentos de petista” ou “Ciclano detona mimimi de feminista”...

Outro recurso é a redundância, cuja monotonia “pretende antecipar qualquer possível crítica pelo reforço deselegante”, diz o autor.

“A CNBB, enquanto entidade, é parte integrante do movimento comunista, e nada mais”, diz Olavo. Ora, lembra Rocha:

A CNBB, salvo engano, não é outra coisa senão uma entidade! O aposto “enquanto entidade” é mais uma redundância definidora de uma escrita autoritária, pois, ao fim e ao cabo, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil não poderia ser outra coisa.

Essa redundância frequentemente também assume uma forma hiperbólica: os comunistas aguardam o “momento certo de virar o jogo”. Para isso, podem esperar “dez, vinte, trinta anos, gerações inteiras”.

Ou seja, ironiza Rocha, “ao que tudo indica, alguns desses bastardos da foice e do martelo – malditos sejam! – descobriram a fonte da eterna juventude”. Para os olavistas, diz ele, “como um verdadeiro Jó pós-moderno, o ódio revolucionário é paciente”.

Quisera fosse.

Amanhã, tem mais. Infelizmente...

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