“Problema é esquerda playboy, não pobre de direita”, essa afirmação de Paulo Galo, militante do movimento dos trabalhadores em aplicativos, deu título a uma recente entrevista concedida por ele ao portal UOL.
Galo referia-se ao livro “O pobre de direita”, recém-lançado por Jessé Souza. Segundo ele:
...não existe “pobre de direita”. Existe alienação. A alienação que afeta o pobre também afeta a classe média branca de esquerda. Ela é tão presa à sua própria bolha que só consegue dialogar consigo mesma.
A esquerda, diz Galo, ignora a “materialidade” da vida das quebradas periféricas. E para superar essa limitação, precisaria:
...chegar aqui na periferia, tomar uma cerveja e trocar uma ideia normal, do dia a dia. Tem um trabalho possível de ser feito aqui. Dá para cair dentro das necessidades e se conectar. Mas quem é que está fazendo isso? O problema é que a esquerda parece não saber fazer nada que não envolva voto.
Dentre as várias afirmações polêmicas, afirmou, por exemplo, que a esquerda se tornou legalista e que seus partidos representariam uma “luta com CNPJ”.
A entrevista despertou tanto a animosidade como a simpatia de setores da militância. Mas Lênin dizia que para endireitar uma vara torta para um lado, é preciso vergá-la para o outro. Por isso, muitas vezes exagerava na defesa de certas linhas políticas que nem eram tão corretas para enfraquecer uma orientação oposta, que considerava ainda mais danosa.
Galo não é nenhum Lênin. Mas procura chamar a atenção para o atual estágio da luta de classes, cuja materialidade contraditória não comporta o simplismo de respostas retas para tantos conflitos tortos.
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