“Philip Morris e Folha de S. Paulo se unem para checagem de fatos”, diz a revista Meio & Mensagem, em 26/04/2024
É isso mesmo. A Folha e uma empresa tabagista se uniram para criar a agência “Checamos”, que pretende combater fake news compartilhadas nas redes virtuais.
Mas que bela parceria hein, Folha? O problema não é apenas se aliar a uma poderosa produtora de uma das substâncias que mais causam dependência química, doenças e mortes.
Como alertam vários estudos, em especial um da Fiocruz, durante décadas, os grandes fabricantes de cigarros fizeram uso das seguintes táticas para influenciar as pesquisas científicas e desvincular seus produtos das patologias que causam:
– Criar dúvidas sobre evidências, negando publicamente a relação entre fumo e câncer e o alto poder da nicotina na geração de dependência química;
– Desviar a questão da ligação causal entre fumo e câncer para uma série de outros temas, como doença hereditária ou cigarros saudáveis.
Além disso, recentemente a Organização Mundial da Saúde, lançou uma campanha para “proteger os jovens da indústria do tabaco e dos seus produtos mortais”. O nome da campanha? "Parem as Mentiras".
Eis um exemplo do que está na raiz da onda de fake news que invade a sociedade no mundo todo. A extrema direita apenas se aproveita com mais eficiência e descaramento daquilo que o grande capital sempre fez. Manipular e distorcer a verdade para aumentar seus lucros.
Talvez fosse bom estender aquele aviso impresso nos maços de cigarro aos produtos de quem se une à indústria mortal do tabagismo. Eles também podem fazer muito mal à saúde da comunicação pública.
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