Doses maiores

22 de junho de 2024

Cerrado: o bioma do sacrifício

Bioma de sacrifício. É assim que os ambientalistas chamam o Cerrado. O fato de ser o segundo maior bioma brasileiro e uma das maiores biodiversidades do mundo, não assegura os cuidados que ele merece.

O sacrifício deve-se ao fato de que quando o desmatamento cai na Amazônia, aumenta no Cerrado. É uma válvula de escape para a destruição ambiental. A perda de vegetação nativa já chegou a 50% e o Cerrado está desaparecendo mais depressa que a Amazônia.

A vegetação típica do Cerrado é predominantemente rasteira, mas suas raízes profundas levam a água da superfície para os sistemas hidrográficos, alimentando seis das oito das grandes bacias brasileiras.

Apesar disso, os rios do Cerrado estão secando, graças ao elevado desmatamento promovido para dar lugar enormes pastos e plantações de monocultura. Para agravar a situação, o próprio código florestal permite desmatar legalmente até 80% das propriedades da região. Situação exatamente oposta à da Amazônia, onde essa permissão é de 20%.

Ao mesmo tempo, Cerrado e Amazônia comunicam-se entre si pelos rios voadores. Essas correntes de umidade surgem na floresta tropical e viajam pelo ar para outras regiões. No caso do Cerrado, elas se precipitam e abastecem grande parte da rede hidrográfica brasileira. A água que chega à quase totalidade das cidades brasileiras tem origem nesse sistema.

Infelizmente, essa integração entre as duas regiões está sendo substituída pela destruição promovida pelo agronegócio, que transfere a devastação de uma para a outra. Os resultados já são evidentes, com as catástrofes climáticas que atingem muitas regiões do País e levam ao sacrifício quem jamais lucrou com tanta destruição.

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