A pílula anterior comentava o livro “O Olho do Mestre”, em que seu autor, Matteo Pasquinelli, diz que a cibernética nasceu da necessidade de controlar sistemas de alta complexidade surgidos tanto das reestruturações no processo produtivo, como das pressões da luta de classes.
Uma das abordagens que se impôs foi a “análise de pessoas” (também conhecida como “psicografia”), que nada mais é do que a aplicação de estatísticas, análise de dados e aprendizagem automática às questões relacionadas à força de trabalho no pós-guerra.
Foi a partir desse princípio que a Google criou o algoritmo do “ranking de páginas”, cujas técnicas para mapeamento das redes se tornaram onipresentes, hoje. A teoria da automação adotada por Pasquinelli, portanto, não aponta apenas para o surgimento de máquinas a partir da lógica da gestão do trabalho, mas também dos instrumentos e métricas para quantificar a vida humana em geral e torná-la produtiva.
Os mais recentes desenvolvimentos da inteligência artificial não são, de fato, radicalmente diferentes, mas equivalentes ao design das máquinas industriais: são constituídos pela mesma inteligência analítica de tarefas e comportamentos coletivos, embora com um maior grau de complexidade.
Um aspecto importante do aprendizado de máquina é que a automação de tarefas individuais, a codificação do patrimônio cultural e a análise de comportamentos sociais não têm distinção técnica: podem ser realizadas pelo mesmo processo de modelagem estatística.
O aprendizado de máquina não é capaz apenas de realizar tarefas computacionais, mas imitar os comportamentos dos locais de trabalho e coletivos, em geral. Não é somente uma automação de estatísticas, mas uma automação da vida já automatizada.
Leia também: Reestruturação produtiva, algoritmos e cibernética
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