Doses maiores

14 de setembro de 2015

As raízes classistas da crise moral do lulismo

A crise do lulismo apoiado no petismo tem caráter profundamente moral. Não porque o partido e seu governo afundaram na lama da corrupção. Roubos, subornos, superfaturamentos são crimes, não apenas condutas vergonhosas. Pertencem mais à esfera da lei que ao domínio da ética.

Os valores morais que orientaram a fundação e boa parte da construção do PT teve como princípios aqueles surgidos da resistência dos explorados e oprimidos. Sob uma ditadura, mesmo esse tipo de luta era considerado ilegal. Mas quando a noite imunda da ditadura ficou para trás, nem todos os gatos se revelaram pardos.

A crise moral do PT é bem anterior à eleição de Lula. A própria chegada ao governo federal custou o abandono de uma ética que nenhuma organização conservadora seria capaz de adotar. Aquela que dizia respeito a de que lado ficar na tragédia social brasileira. Quando o PT passou a relativizar essa escolha, já havia tornado absoluta sua capitulação moral.

Acreditando que a justeza de seus objetivos permitia utilizar qualquer recurso necessário para alcançá-los, o PT se rendeu aos meios e perdeu de vista os fins. Seus chefes e líderes cederam ao lulismo e leiloaram pelo menor preço o patrimônio de lutas do partido na mais baratas das feiras.

Nesse leilão muito mal frequentado, o lulismo vendeu barato princípios de que já abriu mão há muito tempo. Agora, renova os lances negociando a retirada dos parcos benefícios que concedeu enquanto foi governo. E ainda acena com novas ofertas, pechinchando muitas das conquistas que ajudou a alcançar quando ainda tinha vergonha na cara.

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