Doses maiores

19 de outubro de 2018

Vem aí o infocalipse. Ou não...

Infocalipse. Este conceito foi criado por Aviv Ovadya, membro do Centro de Responsabilidade para Mídias Sociais do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

Em entrevista concedida à agência Pública, em 30/05/2018, ele explica o que seria o infocalipse:

Você pode pensar na ideia como se, à medida que a qualidade das informações num geral diminui, a inteligência de todos os membros da sociedade e de todas as diferentes organizações que a tornam funcional, no geral, diminui, e, se você vai muito fundo nisso, sua sociedade basicamente desmorona.

Mas, segundo Ovadya, só chegaríamos a esse ponto se coisas como a falsificação de áudios e vídeos se tornassem regra. Pode ser, mas as atuais eleições no Brasil parecem mostrar que, entre nós, falta pouco.

Por outro lado, mentiras e distorções grotescas não surgem e se espalham do nada. Elas precisam ter alguma base real. Uma delas é formada por valores comportamentais. Por exemplo, é preciso haver um elevado nível de homofobia numa sociedade para que uma notícia falsa sobre distribuição de kits gays nas escolas sejam assumidas como verdade.

Outro fator importante é o velho e eficiente controle sobre as narrativas históricas. É o caso da Ditadura Militar. Somente o enterro proposital de fatos inegáveis da vida nacional possibilita ao primeiro colocado nas pesquisas eleitorais afirmar que esse terrível período de nossa história fez bem ao País.

Nesse último caso, são vários os responsáveis: monopólios da grande mídia, instituições coalhadas de antigos membros do regime ditatorial e até a omissão de algumas de suas maiores vítimas.

Coisas assim indicam que, talvez, estejamos mais próximos do apocalipse tradicional, mesmo.

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