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18 de outubro de 2018

Duas máquinas de matar fascistas

"Esta máquina mata fascistas" dizia a frase que "Woody" Guthrie escreveu em seu violão. Conhecido como o trovador da época da Grande Depressão estadunidense, nos anos 1930, ele viajou com desempregados em busca de ocupação por vários estados norte-americanos.

Simpático ao partido comunista, nunca se integrou oficialmente à organização. Mas seu repúdio ao fascismo e às injustiças do capitalismo estava sempre presente em suas letras.

"Esta máquina mata fascistas" também é o título de uma bela obra em quadrinhos francesa. Nele, Jean Pierre Pécau e Senad Mavric contam a história de um tanque de guerra que trazia aquelas mesmas palavras escritas em sua torre de canhão.

Era o JS-2 (Joseph Stálin 2), equipamento soviético que se tornou lendário por sua resistência e poder destrutivo. A HQ imagina a participação do tanque em vários conflitos, desde o combate aos nazistas até a invasão do Afeganistão pelos Estados Unidos, passando pela defesa das revoluções cubana e angolana.

Perguntado porque escrevera “fascistas” ao invés de “alemães” em seu tanque, o personagem responsável pela inscrição respondeu: “Porque nem todos os alemães são fascistas. E porque há muito mais fascistas que alemães”.

A máquina de Guthrie é muito menos letal que a do exército soviético. Mas, talvez, seja historicamente mais eficiente e necessária. O JS-2 dos quadrinhos é usado na repressão à Revolução Húngara, por exemplo. E serve como barricada na entrada da caverna onde se escondia Bin Laden.

Nem sempre foi empregado para defender o melhor lado, portanto. Era um tanque de guerra, afinal. Diferente do violão, sua utilização, mesmo contra fascistas, ainda assim é uma vitória do fascismo.

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