Doses maiores

11 de setembro de 2019

5G: o lucro pede mais velocidade

O capitalismo depende cada vez mais de velocidade. Mas essa rapidez é fundamental em uma situação específica. Na circulação de mercadorias.

Com a crescente utilização da automação nas atividades produtivas, os lucros de quem a utiliza são enormes. Mas a taxa de lucro, não.

A automação leva ao descarte de trabalho humano. Mas é dele que o capitalismo extrai o excedente que possibilita o lucro.

Máquinas são trabalho morto. Não geram valor novo. O lucro resultante delas vem do valor produzido por seus produtores: alguns poucos técnicos e engenheiros.

Unitariamente, os produtos ficam mais baratos. Mas por incorporarem menos trabalho humano, geram uma taxa de lucro menor. É a chamada queda tendencial da taxa de lucro, descoberta por Marx.

A competição capitalista não permite paradas. Os grandes monopólios aceleram a velocidade de toda a economia. Tentam aumentar a taxa de lucro com um consumo mais veloz.

É principalmente isso que leva as mercadorias de tecnologia de ponta a serem menos duráveis. Não é sua falta de resistência física, mas sua...lentidão.

Algumas mercadorias se tornaram estratégicas porque diminuem o intervalo entre aquisição e pagamento. A principal função dos celulares não é agilizar a comunicação entre pessoas, mas entre mercadorias.

Por isso, a informação passou a ser valiosa apenas quando circula rapidamente. Se ela expressa alguma relação com fatos, pouco importa. Importam os cliques, retuítes, likes, zapeadas.

É assim que chegamos à era da circulação de mercadorias na velocidade da luz. Na velocidade das fibras óticas.

É nesse contexto que surge a tecnologia 5G. Com ela, outro traço do capitalismo se acentua. O fetichismo da mercadoria.

Continua...

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