Doses maiores

30 de setembro de 2019

Possíveis relações entre riqueza concentrada e guilhotinas

Todo dia, aeronaves do modelo Global 7000 [para 10 a 19 passageiros], Gulfstream G650 [11 a 18 passageiros] e até Boeings 737 decolam com apenas um passageiro, a maior parte a caminho dos EUA e da Rússia.

Esta mensagem de um trabalhador aeroportuário inglês foi publicada por George Monbiot, militante ambientalista do Reino Unido, em um artigo disponível no portal Outras Palavras.

O articulista lembra que esse Boeing 737 ocupado apenas por seu proprietário pode transportar mais 173 passageiros e consome cerca de 25 mil litros de combustível. Energia suficiente para abastecer uma pequena cidade africana por um ano.

Em seu destino final esses passageiros solitários certamente se acomodarão em supercasas e passearão em superiates, que podem queimar 500 litros de diesel por hora.

Por isso, continua Monbiot:

Não deveria nos surpreender o fato de que quando a Google articulou uma reunião dos ricos & famosos no resort de Verdura, na Sicília, em julho, para discutir o colapso climático, seus delegados chegaram em 114 jatos privados e em uma frota de megaiates, e dirigiram pela ilha com seus supercarros.

É devido a absurdos como esses que a filósofa belga Ingrid Robeyns criou o conceito de “limitismo”, diz o articulista. Para ela, da mesma forma que existe uma linha da pobreza, abaixo da qual ninguém pode permanecer, deveríamos criar uma linha da riqueza, acima da qual ninguém poderia subir.

Monbiot avalia que aprovar uma lei como essa seria considerada a maior blasfêmia já cometida em muitas décadas. E ele tem toda razão. Então, blasfêmia por blasfêmia, talvez fosse melhor apelar logo para uma guilhotina bem afiada.

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