Elas morrem de pandemias há 500 anos. E morrem de balas também. E de etnocídio, que é o nome que se dá para a destruição da cultura de um grupo étnico por outro. São as populações indígenas.
Os indígenas morreram de gripe, sarampo, varíola. Pestes trazidas pelo colonizador. E morreram do chumbo disparado por armas brancas. Muitos morreram culturalmente. E continuam a morrer todas as vezes que sua identidade fica escondida por trás do termo “cor parda”.
Eles estão perdendo suas vidas em velocidade ainda maior, agora, durante a pandemia. Continuam a perdê-las pela força bruta, mas também sutilmente pelo vírus.
A mando do agronegócio, garimpeiros e madeireiros avançam sobre seus territórios carregando o covid. E novamente vão deixando a morte nas florestas.
Eles ensinaram o colonizador a tomar banho, mas mal têm água limpa para lavar as mãos. Muitos dos rios que os alimentaram e banharam por séculos foram transformados em esgotos pelo homem branco.
Aqueles que vivem mais isolados, formam comunidades muito unidas, muito solidárias. Mas um único deles que traga a peste depois de voltar da cidade a espalha imediatamente. A ajuda médica mais próxima fica a dias de navegação fluvial.
Eles sabem lutar. Resistem bravamente. Mas continuam a ser mortos pelo chumbo, pela depressão, pelo gado, pela soja e, agora, pelo covid.
E nós facilitamos essas vitórias racistas cada vez que deixamos um “pardo” perdido entre uma identidade negra improvável e uma identificação branca alienada. Cada vez que os abandonamos à política de eugenia que mata seus povos e destrói sua cultura.
Sempre que aceitamos que vidas indígenas também não importam.
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Muito bom, vidas indígenas importam.
ResponderExcluirE como!
ExcluirFaltou a cristianização forçada (fator da perda cultural original) ocorrente em algumas comunidades, sem nenhum impedimento, a exemplo dos demais citados. É só um detalhe a mais, que carregam o Corona como instrumento de etnocídio... Enfim, sigamos: vidas indígenas importam!
ResponderExcluirGostei muito da avaliação.
A cristianização forçada é uma das armas do etnocídio. Obrigado pelos comentários, Salete.
ExcluirBeijos