Doses maiores

27 de janeiro de 2021

Tentando desarmar Engels, o “general”

Na pílula anterior, abordamos a polêmica envolvendo a introdução escrita por Engels para a edição de 1895 do livro “As Lutas de Classes na França”, de Marx.

O centro da controvérsia era um trecho em que Engels considerava ultrapassadas as táticas de resistência militar do proletariado. Essas afirmações foram tiradas de contexto e utilizadas por membros do partido socialista alemão para justificar a substituição das lutas nas ruas pela ocupação do parlamento.  

O mais grave é que em muitas edições do texto foi omitida a seguinte passagem:

Quer isto dizer que no futuro a luta de ruas deixará de ter importância? De modo nenhum. Significa apenas que desde 1848 as condições se tornaram muito mais desfavoráveis para os combatentes civis, muito mais favoráveis para a repressão. Por conseguinte, uma futura luta de ruas só poderá triunfar se esta situação desvantajosa for compensada por outros momentos. Por isso, no início de uma grande revolução ela ocorrerá mais raramente do que em seu decurso e terá de ser empreendida com efetivos bem maiores. Mas, nesse caso, estes decerto preferirão o ataque aberto à tática passiva das barricadas...

“Ataque aberto” dificilmente pode ser confundido com atuação parlamentar. Parte dessa confusão só começou a ser desfeita em 1930, quando a versão original do artigo foi publicada pelo Instituto Marx-Engels, na União Soviética.

Ainda assim, forças políticas à direita e à esquerda ainda insistem em divulgar um Engels que teria desistido da revolução. Uma injustiça para alguém cuja predileção pela ação direta lhe rendeu o apelido de “general”.

Para mais detalhes, leia: O “testamento” falsificado de Engels: uma lenda dos oportunistas.

Leia também: A vergonhosa moderação póstuma imposta a Engels

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