Um dos elementos do filme “O brutalista”, de Brady Corbet, é o estilo arquitetônico que dá nome ao filme. A arquitetura “brutalista” surgiu no início do século 20 e alcançou o auge entre 1950 e 1970. Sua estética caracteriza-se pelo uso de concreto bruto e aparente.
O brutalismo arquitetônico é citado no livro “Concreto: arma de construção massiva do capitalismo”, de Anselm Jappe. Uma excelente resenha da obra está no artigo “O concreto armado”, de Lincoln Secco.
Mas a título de breve introdução sobre o tema do livro, ao utilizarmos amplamente o concreto nas construções descobrimos que sua vida útil é de pouco mais de 50 anos. As milhares de pontes em estado de avançada degradação são uma evidência disso. E o custo para recuperá-las torna mais econômico demolir as atuais e construir novas. Além disso, os restos de concreto resultantes das obras impactam fortemente a natureza, levando milhares de anos para desaparecer.
Enquanto isso, o Panteão ou o Coliseu da Roma Antiga, por exemplo, continuam em bom estado, há dois mil anos. E a grande maioria das construções já utilizadas pela humanidade são feitas de materiais derivados de seus ambientes, com durabilidade curta, mas facilmente substituível e assimilável por seu entorno. É o caso das casas de terra batida ou moradias indígenas. Podem ser abandonadas, caso seja necessário, sem maiores prejuízos e sem deixar material tóxico na natureza.
Jappe destaca outro interessante aspecto da utilização do concreto na atual sociedade. Trata-se de sua relação com alguns conceitos fundamentais da análise marxista do funcionamento do capital. Mas isso fica para a próxima pílula.
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