Doses maiores

4 de dezembro de 2013

Marx e seus genros imprestáveis

Certa vez, Karl Marx escreveu:

Eu não acho que alguém que já tenha escrito sobre dinheiro tenha sofrido tanto com a falta dele. A maioria dos que escreveram sobre o assunto mantiveram relações melhores com o objeto de suas investigações.

De fato, entre 1850 e 1860, Marx e sua família só deixaram de comer o pão que o diabo amassou quando até este lhes faltou. A pobreza era tanta que quatro dos sete filhos que Jenny Marx gerou morreram ainda pequenos. Apenas três meninas sobreviveram.

A situação só não era pior graças à proteção infalível de Friedrich Engels. O parceiro que acompanhou Marx por toda a vida nas lutas e na elaboração teórica podia ajudar. Afinal, administrava as lucrativas empresas de sua família.

Em uma de suas inúmeras cartas pedindo dinheiro a Engels, Marx admite que suas despesas poderiam ser menores, caso sua família levasse uma vida mais “proletária”. Mas isso impediria que suas filhas pudessem se casar com “bons partidos”.

O maior medo de Marx era ver suas filhas casadas com alguém como ele. Cheio de fervor revolucionário, inteligência e coragem, mas incapaz de sustentar a própria família. Foi em vão. As três acabaram se envolvendo com militantes revolucionários.

Nenhum deles chegava aos pés do brilhantismo de Marx. Todos tinham idêntica incompetência para ganhar dinheiro. E igualmente fizeram suas esposas sofrerem, para desgosto de um pai que adorava as filhas.

Tudo isso está no livro “Amor e Capital - a Saga Familiar de Karl Marx”, de Mary Gabriel, recentemente lançado no Brasil. Voltaremos a falar dele, das muitas aflições e poucas alegrias da família Marx.

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