Em “A Sagrada Família”, Marx
disse que o progresso da mulher e de sua liberdade mostraria o grau em que “a
natureza humana” é capaz de triunfar sobre a bestialidade. Se Jenny Marx já
vivesse em uma sociedade capaz desse tipo de avanço, certamente não estaria
reduzida ao papel de esposa do genial revolucionário alemão.
De grande capacidade
intelectual, Jenny não apenas transcrevia os ilegíveis garranchos de Marx, como
ajudava a corrigir possíveis erros teóricos. Quando possível, cuidava da
correspondência com militantes da Internacional Socialista. Só não fez mais
pela teoria revolucionária porque as terríveis restrições econômicas a empurraram
para os afazeres domésticos.
Recaiu principalmente sobre
ela os muitos sacrifícios que implicavam ser a esposa de um teórico tão genial
quanto genioso. Tão inteligente como incapaz de garantir o próprio sustento. Mas
Jenny não se sacrificou apenas por amor ao companheiro. Ela também era
apaixonada pela causa socialista. E sabia que a obra do marido seria
fundamental para a luta por igualdade e justiça social.
Nada desculpa os muitos
sofrimentos que Marx impôs a Jenny. Incluindo um filho com a empregada, cuja
paternidade foi assumida por Engels. Mas ela jamais o abandonou porque o amor
jamais os deixou. Entre si, pelas filhas e pela revolução. Quando ela morreu,
Engels previu que Marx logo sucumbiria. De fato, quinze meses depois, ele morreria
solitário e triste.
O livro “Amor e Capital”, de
Mary Gabriel, faz um pouco de justiça a esta grande mulher. Apesar de viver sob
a imponente sombra de seu companheiro, Jenny tinha tanta luz própria quanto
gigantes como Rosa Luxemburgo e Clara Zetkin.
Leia também: Marx e seus genros imprestáveis
O velho ditado:atrás de um grande homem há uma mulher.
ResponderExcluir