Doses maiores

11 de setembro de 2018

O capitalismo devora o coração do mundo íntimo

“O capitalismo corrói a saúde mental” é o título de reportagem de Manuel Yepe, publicada por America Latina en Movimiento em 20/08/2018.

A matéria refere-se ao livro “The Inner Level” (O Nível Íntimo), dos professores de epidemiologia Kate Pickett e Richard Wilkinson, lançado nos Estados Unidos.

Entre os dados da publicação, um levantamento indica que em 28 países europeus a desigualdade aumenta a ansiedade por manter ou elevar o status social em todas as faixas de rendas.

As formas mais frequentes de enfrentar essas ansiedades, dizem os autores, são:

...as drogas, o álcool e o jogo, mediante a alimentação como reconfortante, ou por meio do consumo de status e o consumismo conspícuo. Aqueles que vivem em lugares mais desiguais são mais propensos a gastar dinheiro em automóveis caros e a comprar bens de status; e são mais propensos a ter altos níveis de dívida pessoal porque buscam demonstrar que não são “gente de segunda classe” ao possuir “coisas de primeira classe”.

Ou seja, o “remédio” a que se recorre é o mesmo que alimenta a epidemia que faz adoecer.

O estudo, diz Yepe, demonstra que “a desigualdade devora o coração do mundo íntimo e aprofunda as ansiedades sociais da grande maioria da população”.

Mas nada disso é natural. Segundo Kate e Wilkinson, “nosso passado como caçadores-coletores igualitários, cooperativos e solidários na comunidade primitiva” prova isso. Desmente a falsa ideia de que somos, por natureza, competitivos, agressivos e individualistas. Temos todas as aptidões psicológicas e sociais para viver de maneira diferente. “A desigualdade não é inevitável”, concluem eles.

Inevitável, só a resistência, diríamos nós.

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