Doses maiores

11 de abril de 2019

Fragmentos do real sob o capital

Primeiro fragmento:

Em 1997, o computador Deep Blue, da IBM, venceu o campeão do mundo de xadrez, Garry Kasparov. No fim de 2017, foram dois algoritmos que se enfrentaram no tabuleiro: Stockfish 8, campeão do mundo, contra AlphaZero, criado pelo Google. A novidade é que AlphaZero ensinou a si mesmo a jogar xadrez, sem auxílio humano. Após nove horas de jogo, AlphaZero derrotou Stockfish 8, com 28 vitórias, 72 empates, nenhuma derrota.

Segundo fragmento:
Mohammed diz trabalhar para os passageiros. Só não escolhe quem são, não elege o melhor trajeto, a forma de pagamento, não tem direito de negar uma corrida e nem define as áreas de atuação na cidade, etc. Ele não é patrão, não é funcionário e não é prestador de serviço. Dirige por mais de 40 horas semanais o carro do amigo para proporcionar uma vida melhor para sua família a partir das ordens que recebe dos algoritmos. Sempre que tem uma dúvida sobre seu trabalho, envia um e-mail para uma plataforma e recebe uma resposta padrão como resposta. Na maior parte das vezes, não tem seu problema resolvido....
O trecho acima é de um texto do blog de Michel Alcoforado, de 10/04/2019. Obviamente, refere-se a um motorista da Uber.

Os dois fragmentos mostram que somos cada vez mais espectadores do que fazem as máquinas. Mais que isso, somos seus serviçais.

Máquinas são coisas. A maioria das coisas torna-se mercadoria sob o domínio do capital. E o conceito marxista de “fetichismo da mercadoria” afirma que no capitalismo as relações entre as mercadorias tendem a ocupar o lugar das relações entre as pessoas. Xeque-mate!

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