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10 de outubro de 2022

A histórica tolerância dos “democratas” com o fascismo

Durante os anos 1930, os chamados regimes “democráticos” viam com bons olhos a perseguição feita pelos fascistas às organizações da classe trabalhadora. Afinal, no começo de 1939 já existiam campos de concentração na França, onde foram internados anarquistas, comunistas e republicanos espanhóis, que haviam lutado contra as tropas fascistas de Franco e buscaram refúgio em território francês. Enquanto isso, falangistas espanhóis, fascistas italianos, russos contrarrevolucionários e nazistas autênticos passeavam livremente pela França.

Só quando o exército germânico se aproximou de Paris, o ministro do interior francês ordenou a captura de meia dúzia de notórios jornalistas e políticos partidários de Hitler. Tarde e sem efeito.

No Reino Unido, em julho de 1940, contavam-se já 27 mil detidos. Alguns eram reconhecidamente partidários de Hitler e Mussolini, mas muitos outros haviam emigrado por razões políticas e eram antifascistas de longa data ou judeus fugidos do Reich.

O conflito entre os regimes parlamentares e os regimes fascistas surgiu do expansionismo alemão e japonês, que ameaçava o equilíbrio internacional. Só a necessidade de conquistar a população trabalhadora para o esforço de guerra levou os governos aliados a dar um verniz antifascista ao que, na realidade, constituía apenas uma preservação de esferas de influência.

O morticínio causado pela Segunda Guerra serviu depois para que as chamadas democracias, adulterando o seu passado, apresentassem como uma incompatibilidade o que fora uma estreita colaboração com o fascismo.

As informações acima estão no livro “Labirintos do Fascismo”, de João Bernardo. Não são histórias do passado. A tolerância dos falsos democratas de direita com o fascismo se renova periodicamente. Estamos vivendo um desses momentos. Inclusive, no Brasil.

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