Doses maiores

28 de novembro de 2022

As correntes da dívida pública

Os números são espantosos: a dívida interna federal brasileira somava, em dezembro de 2021, o valor de RS 7.378.330.084.715 (sete trilhões, trezentos e setenta e oito bilhões. trezentos e trinta milhões, oitenta e quatro mil e setecentos e quinze reais). No mesmo ano de 2021, pagamos de juros e amortizações a escandalosa quantia de R$ 1.960.823.058.735 (um trilhão, novecentos e sessenta bilhões, oitocentos e vinte e três mil, setecentos e trinta e cinco reais). Isso corresponde a R$ 5,4 bilhões pagos a cada dia!
 
O trecho acima está no artigo “A dívida pública: falando sério com pessoas comuns”, de Virginia Fontes, publicado no livro “Brasil, 200 anos de (in)dependência e dívida”, recém-lançado pelo Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (Pacs).

Os números mostram o tamanho do buraco por onde escoam diariamente recursos que poderiam ser direcionados a políticas públicas, programas sociais, serviços essenciais, investimentos produtivos. Ao contrário disso, essa dinheirama vai para os detentores dos papéis da dívida pública. Em sua imensa maioria, grandes capitalistas com negócios sediados aqui e no exterior. Com essa situação, não há independência ou soberania nacional possível. 

Enquanto isso, manchete da Folha de hoje diz: “Mais pobres se endividam para comer e pagar contas”. Já entre os mais ricos, explica a matéria, “o principal motivo para pegar um empréstimo é empreender”.

O fato é que esse mecanismo perverso trocou a economia baseada nas correntes da escravidão pela economia acorrentada à escravidão das dívidas. No capitalismo atual, as dívidas atravessam toda a sociedade. Mas uma minoria poderosa as transforma em investimento. A grande maioria explorada é massacrada por elas.

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