Doses maiores

30 de novembro de 2022

Barreiras naturais e ameaças catastróficas

Para Marx a capacidade de “afastar as barreiras naturais” constitui um traço essencial de nossa espécie. O bicho humano é biologicamente incapaz de voar ou de mergulhar a grande profundidade, por exemplo. Mas tais limitações foram superadas.

Ainda segundo Marx, a constante diminuição dessas restrições naturais é que nos tornariam cada vez mais humanos. Teoricamente, quanto menos necessidade tivermos de trabalhar pela reprodução meramente biológica, mais tempo teríamos para nos dedicar a atividades artísticas e intelectuais, ao lazer, às relações pessoais, a práticas lúdicas, etc.

O problema é que forçar os limites naturais também pode nos levar a situações arriscadas. É o que mostram os inúmeros desastres ecológicos ocorridos na história da humanidade.

Mas as coisas ficaram ameaçadoras mesmo quando a Revolução Industrial levou esse processo a um ritmo, alcance e intensidade inéditos. Desde então, passamos a destruir barreiras naturais pelo planeta todo na insana busca por lucros.

Um exemplo muito próximo foi a pandemia do covid-19. É muito provável que o vírus tenha se espalhado devido à invasão humana de espaços que antes estavam isolados por barreiras naturais.

Outro caso grave é o derretimento das calotas polares causado pelo aquecimento global. Um fenômeno que pode libertar patógenos que estão presos no gelo. Recentemente, cientistas franceses conseguiram “ressuscitar” vírus que estavam congelados há 48 mil anos na Sibéria.

Enquanto isso, a recém-encerrada conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas não conseguiu nem mesmo aprovar um cronograma para a eliminação dos combustíveis fósseis, importante fator de desequilíbrio ecológico.

É assim que o capitalismo vem fazendo as barreiras naturais avançarem perigosamente sobre nós.

Leia também:
A COP-25 e o princípio da sétima geração
A febre amarela e as barragens do capital

Nenhum comentário:

Postar um comentário