Em uma cidade do País Basco, durante a guerra civil iniciada pelo ditador Francisco Franco, uma bomba atingiu a praça central, mas nunca explodiu. Os moradores não ousaram movê-la, muito menos desarmá-la. Lá permaneceu por anos durante a ditadura Franco como um símbolo de morte, do poder do regime e do castigo para quem se rebelou.
Um dia, um dos habitantes decidiu remover o dispositivo sozinho. Mas logo muitos se juntaram a ele. A ideia era desarmar a bomba e levá-la para longe. Mas no lugar do detonador, encontraram um papel contendo algumas palavras escritas em alemão. Felizmente, havia uma pessoa que conseguiu traduzi-las: “Saudações de um operário alemão que não mata inocentes”, dizia o bilhete.
A partir daquele momento, decidiram manter a bomba na praça como símbolo da resistência, do fim do medo e do poder de um povo com consciência de classe. Tudo isso porque um trabalhador alemão arriscou a pele, em meio à ditadura nazista, e deixou claro que nem o medo nem o regime seriam capazes de torná-lo mais um monstro.
Se você vive sob regime fascista ou sob qualquer regime de morte e tem o estranho “privilégio” de ser empregado, recebendo um salário, dentro dele, você o sabota. Não precisa estudar ciências políticas para saber disso. Você precisa somente de sensibilidade e empatia, e de saber as consequências humanas das políticas que estão sendo aplicadas diante do seu nariz.
O relato acima é o resumo de um capítulo do livro “Pelo buraco da fechadura”, recém-publicado por Mário Prata. Mostra como é possível arrancar esperança dos momentos mais trágicos.
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Que história bonita, adorei.
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