Doses maiores

7 de agosto de 2015

Várias razões para defender Dilma. Nenhuma que preste

Com 71% de rejeição, o governo Dilma ultrapassou Collor em seus piores momentos e muita gente teme pelo futuro do governo petista. A começar pelo que se pode deduzir do editorial do jornal O Globo publicado hoje.

Em “Manipulação do Congresso ultrapassa limites”, o jornalão conservador ataca a irresponsabilidade de Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal. Denuncia seu oposicionismo oportunista, cujo único objetivo seria desviar a atenção das fortes evidências de corrupção que o envolvem.

O mesmo editorial elogia Renan Calheiros, que estaria se distanciando de Cunha. Também aprova o “acordo suprapartidário” sugerido pelo ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Proposta que os tucanos deveriam apoiar, demonstrando assim a necessária “maturidade”, diz o texto.

Enquanto isso, a Folha traz a matéria “Governo busca apoio de elite empresarial para conter crise”. Para “driblar a crise”, diz o texto, o governo quer chamar a “elite empresarial brasileira” para conversar.

Entre os convidados, representantes de gigantes como Bradesco, Gerdau e Carrefour, considerados “relativamente próximos ao Executivo”. Causa estranheza apenas a afirmação de que o governo “precisa não só recuperar interlocução com os movimentos sociais, mas também refazer as pontes com o capital."

Não há qualquer “interlocução” séria possível com os movimentos sociais, já que a prioridade do governo sempre foi preservar as tais “pontes com o capital”, como, aliás, demonstram as fartas doações empresariais na última campanha presidencial.

O objetivo de toda essa movimentação? Aprovar o ajuste neoliberal de Joaquim Levy.

Portanto, é muito duvidoso que alguém realmente poderoso queira ver Dilma fora do governo. Já a esquerda que a defende, não poderia ter motivos mais tristes.

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