Doses maiores

28 de novembro de 2016

Aristocracia operária e luta burocratizada

Em seu artigo “O mito da Aristocracia Operária”, Charles Post afirma que o reformismo não seduz apenas uma parcela pequena, qualificada e bem paga dos trabalhadores. Também atrai a simpatia de grande parte da classe.

Para começar a entender, citemos as seguintes palavras do autor:

...a maioria dos trabalhadores, na maior parte do tempo, está empenhada na luta para vender sua capacidade individual de trabalho e garantir sua reprodução e a de suas famílias - e não na luta coletiva contra os patrões e o Estado. Os trabalhadores "realmente existentes" só se envolvem em lutas de massas como classe em situações extraordinárias, revolucionárias ou pré-revolucionárias. Devido à posição estrutural do trabalho assalariado sob o capitalismo, seu envolvimento em lutas radicais de contestação acontece em momentos de curta duração. E, na maioria das vezes, diferentes segmentos da classe trabalhadora desempenham um papel ativo na luta contra o capital em momentos diferentes.

Mas, segundo Post, na esteira das lutas vitoriosas, uma minoria de trabalhadores continua ativa. Muitos assumem tarefas administrativas nas organizações que surgem das lutas: sindicatos, partidos, associações...

Esta parcela se afasta dos locais de trabalho e passa a viver de modo muito diferente do restante dos trabalhadores. Torna-se uma camada burocrática que só mantém suas vantagens se a dominação capitalista permanecer intacta. Sob sua liderança, as lutas só podem avançar até certos limites. Reformar o capitalismo? Talvez. Destruí-lo, jamais.

Mas se tudo isso ajuda a entender porque o reformismo persiste entre os setores da “vanguarda” dos trabalhadores, é insuficiente para explicar sua força no restante da classe.

É o que veremos na próxima pílula.

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