Segundo Ian Angus, em seu livro “Enfrentando o Antropoceno”, no início da década de 1930, a União Soviética era líder mundial em ciência ecológica e legislação ambiental. Foi o primeiro país a criar grandes áreas de conservação e um dos pioneiros na proibição da caça de espécies ameaçadas de extinção.
Havia forte apoio para cientistas como Vernadsky, que desenvolveu a teoria da biosfera, e Vavilov, primeiro a traçar as origens genéticas das principais plantas alimentícias do mundo. Tragicamente, diz Angus, o estalinismo abandonou a visão marxista do socialismo como desenvolvimento humano sustentável. Para superar o capitalismo, o regime adotou um modelo de industrialização acelerada, desprezando os custos humanos e ambientais.
Para citar apenas um exemplo, na década de 1960, as autoridades soviéticas lançaram um enorme projeto de desvio de rios que desaguavam no Mar de Aral para irrigar plantações de algodão. As novas safras tornaram a União Soviética o segundo maior exportador mundial do produto. Mas, em 1989, o Aral, que era o quarto maior corpo de água do mundo, tinha sido reduzido a menos de 10% do seu tamanho original.
Na década de 1980, a União Soviética tornou-se o segundo maior emissor mundial de gases com efeito estufa. A legislação ambiental soviética era excelente no papel, mas não evitou que o país sucumbisse ao capitalismo fóssil, tal como aconteceu com as outras potências da época.
Os fracassos ambientais do Bloco Soviético no século 20 demonstram porque a ecologia deve ter um lugar central na teoria, no programa e nas atividades socialistas, conclui o autor.
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