Na imaginação popular, o Egito lembra pirâmides e múmias. Estas últimas seriam criaturas horríveis, nojentas e ameaçadoras. Na verdade, uma criação da indústria cinematográfica americana que ajuda a reforçar o preconceito contra os povos árabes.
Também são produção americana as várias das ditaduras que governam países árabes. Sheiks, califas, sultões, reis. Faraós modernos que apóiam o imperialismo estadunidense e seu fantoche na região: o estado de Israel.
Com dificuldades para explicar o apoio americano a tanta porcaria velha, os jornais levantam o espantalho do fundamentalismo. As ditaduras aliadas seriam um mal menor diante do “fanatismo islâmico”.
A imprensa adverte para o perigo de estados teocráticos e governos fanáticos. Só não cita, entre estes, o Vaticano, nem estados amigos do “ocidente”, como Árabia Saudita, Kwait e Israel. E omitem que a Palestina é um dos poucos países laicos na região e com eleições regulares.
O fato é que a revolta no Egito não é religiosa. Conta com apoio de lideranças religiosas, claro. Como qualquer movimentação popular poderia contar com apoio católico, protestante, judeu, budista, umbandista, num país ocidental.
Nem mesmo a revolução iraniana foi resultado de mobilização puramente religiosa. A ditadura dos aiatolás só se implantou após esmagar forças populares que não queriam um estado religioso. Por isso mesmo, é importante o apoio à luta do povo egípcio por melhores condições de vida e por liberdade. Inclusive, a religiosa.
Múmias existem e estão muito vivas. Uma delas é Hosni Mubarak. Outras vagam pelos palácios da região. As mais horríveis arrastam-se nos gabinetes do poder ocidental. Em Washington, Paris, Londres, Roma...
Brasília merece citação em homenagem a Sarney.
Leia também: Redes sociais não fazem revolução
Nenhum comentário:
Postar um comentário