Doses maiores

28 de fevereiro de 2011

Nem Kadafi, nem imperialismo

O Conselho de Segurança da ONU e a União Européia aprovaram sanções contra Muamar Kadafi. Ou seja, os poderosos do mundo se voltaram contra o ditador. Nessa situação, algumas forças de esquerda caem na tentação de ver no governante líbio um aliado. Não é nada disso.

Kadafi assumiu o poder através de um golpe de estado contra um regime monárquico, em 1969. Aproveitou a Guerra Fria para se alinhar ao imperialismo soviético. Nada a ver com socialismo ou o poder para o povo. Só uma maneira de se posicionar no tabuleiro mundial de modo a ganhar vantagens.

Nessas quatro décadas, o ditador líbio já expulsou bases militares americanas e inglesas de seu país. Apoiou a causa palestina. Logo depois, expulsou palestinos da Líbia. Teve sua residência oficial bombardeada por Reagan. Finalmente, aderiu à Guerra ao Terror de Bush.

Desde então, tornou-se queridinho de gigantes do petróleo como BP, Exxon e Chevron. Protegido de Raytheon e Northrop, corporações da indústria armamentista. Virou compadre de multinacionais como a Dow Chemical.Tudo isso sem falar na total falta de democracia e participação popular.

Kadafi não é aliado da esquerda mundial só porque os poderosos do planeta deram-lhe as costas. O que o imperialismo quer é apagar o pavio que incendeia o mundo árabe. Deter as revoltas populares que ameaçam seus interesses numa das regiões mais valiosas do planeta.

Não é verdade que aqueles que incomodam os imperialistas são necessariamente nossos aliados. Pensar assim é fazer o jogo que interessa ao inimigo. É confundir socialismo com ditadura política, personalismo, fanatismo, conservadorismo, estupidez.

Leia também: A ditadura do mito do socialismo ditador

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