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4 de novembro de 2020

A necessária identidade entre o combate às opressões e o anticapitalismo

Muito antes de se tornar líder da luta antirracista nos Estados Unidos, Malcolm X foi carregador de bagagem na empresa de transportes Pullman e operário da Ford, onde ele se defrontou com a tensão entre o antagonismo operário em relação ao empregador e os freios impostos pelas burocracias sindicais.

É a partir dessas experiências que ele afirmou “É impossível para um branco acreditar no capitalismo e não acreditar no racismo”. Malcolm também disse numa discussão em 1964:

Não se pode ter capitalismo sem racismo. E se você conversa com uma pessoa que expressa uma filosofia que te faz ter certeza de que ela não tem esse racismo no pensamento, normalmente se trata de um socialista ou de alguém que tem o socialismo como ideologia política.

O relato acima está no livro “Armadilha da identidade”, de Asad Haider. Referindo-se ao período em que Malcolm X atuou, Haider afirma:

Quando saímos da narrativa dominante, enganosa e redutora, torna-se claro que o movimento pelos direitos civis era na verdade o equivalente mais próximo nos Estados Unidos dos movimentos operários de massa na Europa pós-guerra

Segundo Haider, a luta pela liberdade dos negros foi a que mais se aproximou de um movimento socialista nos Estados Unidos.

Ele também cita C.L.R. James, intelectual e militante nascido em Trinidad. Segundo James, os movimentos pela autodeterminação dos negros eram “lutas de independência” que representavam a automobilização e auto-organização das massas, estando assim na vanguarda de qualquer projeto socialista.

A obra de Haiden mostra a profunda e necessária identidade entre o combate ao racismo, sexismo, homofobia e outras opressões e a luta anticapitalista.

Leia também: Identidade, identitarismo e luta de classes

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